...Um Mundo a Explorar
Numa conversa exploratória das brincadeiras que gastam o tempo em que a Vera não está ocupada nos trabalhos da escola ou com ela relacionados, da casa e da sua provisão pessoal, fiquei a saber que não gasta esse seu tempo livre muito preocupada com bonecas, brincadeiras de movimento e, consequentemente, viradas para o exterior da casa, jogos com amigos e passeatas, à laia do que fizeram as crianças com os onze anos dela durante milénios.
A Vera gosta muitíssimo de ver televisão, toda a televisão que quer e tem a qualquer hora à distância de um zaping, e de brincar com o telemóvel, com as configurações e reconfigurações que pode fazer neste aparelho verdadeiramente mágico para todos, colorindo-o com sons de todas as espécies, importando ou construindo-lhe ecrãs dignos dos mais belos planos de um qualquer badalado filme, compondo, recompondo, guardando como modelo, enviando e reenviando todo um mundo de mensagens construídas numa nova linguagem, indecifrável para os seus adultos e a esmagadora maioria dos outros adultos exteriores ao seu mundo familiar.
Para além daquelas duas actividades que ocupam uma boa parte do tempo verdadeiramente livre da Vera – tempo dela, para dele fazer uso discricionário e, concomitantemente, o que mais prazer lhe dá – passa, de quando em vez, pelo computador para jogar um pouco, mostrando, significativamente, alguma tristeza na expressão facial com que reagiu ao comentário lateral da mãe para referir o facto de não ter, ainda, acesso à Internet.
Foi, por fim, gostosamente que me falou do seu ipod, nano pelo tamanho, que não pela imensidão de músicas que pode guardar, artefacto que, não raras vezes, usa em simultâneo com um ou outro dos antes referidos, o que lhe agrada, sobretudo pela absoluta envolvência no mundo lúdico que a fascina e em que, assim, pode mergulhar completamente.
Todavia, o primeiro dos ofício da Vera é o de aluna. Como o é, também, o de todas as demais crianças portadoras deste background lúdico onde se espelha a era do digital em que estamos mergulhados de uma forma irreversível e que, por isso, temos de agarrar definitivamente.
A escola, mais do que não ignorar esta realidade, está obrigada a empenhar o melhor do seu imenso saber para agarrar com unhas e dentes estas novas vias de ensino-aprendizagem que lhe entram portas adentro e que, indubitavelmente, podem trazer estímulo e consequentes resultados ao seu desempenho.
Como projectar, contextualizar e integrar tudo isto?
Alberto Nídio
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Dias de chuva
Existir é uma modalidade complicada. Existir demais é perigoso. Existir de menos é transparente.
Sabe-se que se existe pelos outros, como num noticiário. Por aquilo que de nós pensam ou sentem, por aquilo que amamos ou desamamos, pela falta ou pelo cansaço que os outros em nós provocam.
Agora, à parte de filosofias, triste é darmos por nós berrando um NÃO (maiúsculo como este) a um ciganito que vende pensos estendendo o olhar na mão direita iluminada pelos semáforos. Existencialmente desanimador é perder a calma pela infracção de tráfego de um próximo que cai em nós, sempre inevitável como um novo dia.
Com tanto curso de formação profissional em calçado e vestuário, em inseminação artificial e semi-condutores, em qualidade de e para, poder-se-iam ministrar cursos intensivos para se existir melhor. Talvez então conseguíssemos descontraidamente gratificar ou não gratificar o arrumador de carros com parcimónia e sabedoria, compreender a observação da autoridade, ripostar sem exaltação ao burocrata, fintar com elegância o ex-toxicodependente que angaria fundos sem fundo.
Talvez assim chovesse menos, com num beijo ou numa Graça.
Sabe-se que se existe pelos outros, como num noticiário. Por aquilo que de nós pensam ou sentem, por aquilo que amamos ou desamamos, pela falta ou pelo cansaço que os outros em nós provocam.
Agora, à parte de filosofias, triste é darmos por nós berrando um NÃO (maiúsculo como este) a um ciganito que vende pensos estendendo o olhar na mão direita iluminada pelos semáforos. Existencialmente desanimador é perder a calma pela infracção de tráfego de um próximo que cai em nós, sempre inevitável como um novo dia.
Com tanto curso de formação profissional em calçado e vestuário, em inseminação artificial e semi-condutores, em qualidade de e para, poder-se-iam ministrar cursos intensivos para se existir melhor. Talvez então conseguíssemos descontraidamente gratificar ou não gratificar o arrumador de carros com parcimónia e sabedoria, compreender a observação da autoridade, ripostar sem exaltação ao burocrata, fintar com elegância o ex-toxicodependente que angaria fundos sem fundo.
Talvez assim chovesse menos, com num beijo ou numa Graça.
Para criar boa disposição!
Porque este espaço deve ser servir, também, para apresentar as "coisas" engraçadas das tecnologias, desta nova sociedade digital, onde a informação está apenas a um clique de distância. Todos ouvimos falar em Era da informação, comummente designada de Sociedade de Informação, também apelidada por Alvim Tofler de 3ª Vaga.
Aqui ficam as brincadeiras da 3ª Vaga!
Aqui ficam as brincadeiras da 3ª Vaga!
domingo, 24 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Uns verdadeiros artistas!
Para que não se diga que os professores são z... deixo mais um exemplo de boas práticas.
Na Escola Secundária de Castro Verde a acção da educação passa, também, pela construção de verdadeiras obras de arte.
Esta turma do 8º Ano deu azo à imaginação e filmou "O PEGASO DE ALEXANDREINA", no âmbito da Área de Projecto, que conta o desvendar do desaparecimento de um objecto raro, onde vários alunos estão envolvidos, numa trama policial que deixa inveja a muitas séries televisivas.
Espreitem o "O PEGASO DE ALEXANDREINA"
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Montra TeK - Portáteis de baixo custo com alto rendimento
Qual Plano Tecnológico....qual quê!
Vejam esta noticia do Sapo... comparado com os disponibilizados pela iniciativa e-escolas, que já apresentam um aspecto "descontinuado", os apresentados nesta noticia são uns "belos" exemplares.
Será que interessa assim tanto fornecer um serviço de internet a alguns, quando outros nem acesso a um computador têm?
Estas maquinas bem negociadas poderiam ficar a menos de 300 euros e permitiria abarcar uma maior percentagem de população estudantil.
Será que desta forma não seria mais fácil combater o número de info-excluidos no nosso país? Assim todos os alunos teriam acesso à tecnologia nos seus lares e, com a melhoria dos acesso à internet nas escolas, facultar com estes mesmos PC´s a entrada na WWW.
Portátil da Nintendo é usado na sala de aula...
Na província de Kyoto, Japão, o governo anunciou que adoptou o jogo portátil Nintendo DS nas escolas públicas da região.
O jogo será usado nas aulas de inglês do segundo ano do ensino médio. Na sequência de testes levados a cabo, durante o mês de Setembro do ano passado, verificou-se uma melhoria de 40% no uso de vocabulário da língua inglesa. Face a estes resultados a inovação foi aplicada a todas as escolas da província.
"Conjuga velocidade, tempo e ritmo, e melhora a aprendizagem já que deixa o cérebro confortável. Vendo os estudantes, creio que estejam três vezes mais concentrados, e a aprendizagem parece melhorar", disse Hideo Kageyama, que coordena o projeto sobre novas formas de ensino do ministério da cultura japonês.
Por acaso, a província de Kyoto é onde se localiza a matriz da Nintendo. O portátil possui um educativo chamado "English Training", que é um sucesso de vendas.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Mobile Generation
Aqui mesmo ao lado de Vila Verde (minha verde terra) está a ser implementado um projecto de uso de novas tecnologias em contexto de sala de aula.
Na Escola Secundária Carlos Amarante (fiz lá o meu ensino secundário), Braga, a professora Adelina Moura, professora de Português/Francês, está a obter bons resultados com a utilização das tecnologias móveis no ensino, m-learning. Basicamente, consiste no uso de telemóveis, MP3 e MP4, com recurso a um portátil e a "podcasts", alojados num site, permitindo aos alunos, a todo o momento, ouvir os comentários e as explicações da docente sobre os temas em estudo. As gravações residem em geral Geração Móveis.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Campus Party - Brasil
Campus Party - é considerado o maior evento de entretenimento electrónico em rede do mundo. Um encontro anual realizado desde 1997, que reúne, durante sete dias, milhares de participantes com seus computadores, inicialmente realizado em Espanha, com a finalidade de compartilhar curiosidades, trocar experiências e realizar todo o tipo de actividades relacionadas com computadores, comunicações e novas tecnologias.
Este ano o evento realiza-se no Brasil, que começou na segunda-feira (11) e termina este domingo (17), no prédio da Bienal do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. Segundo a organização, o público do Brasil tem preferências e hábitos um tanto diferentes do que foi notado em Espanha. Ao contrário do que era esperado, a tão aclamada ligação de 5 GB não foi utilizada para downloads e sim para uploads. Ou seja, o público preferiu postar conteúdo na rede --por blogs e sites de vídeo, por exemplo-- do que fazer downloads de arquivos da internet. Pela medição dos organizadores, 70% da ligação foi utilizada para uploads e 30% para downloads. Estes valores são sintomáticos, no sentido em que o acesso é utilizado na construção de conteúdo, tendo o utilizador "comum" uma participação activa na informação que é disponibilizada na rede.
O evento está dividido em duas grandes Áreas:
- Área 1: Arena, Lazer e Serviços
- Área 2: Expo e Inclusão Digital
Visitem o sítio em:http://www.campusparty.com.br/
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Este Título .......
Acabei de aceitar o convite para o blog deste amigo recente. Francamente ainda não li mais do que o titulo, mas não resisto a fazer o meu primeiro comentário.
Adorei o titulo, está francamente bem pensado...achei demais mesmo!!!!
Não sei se está à tua altura (como dizes....), ou não, mas está à altura de alguém que consegue surpreender-me com originalidade, adequabilidade e o mais importante.......... de GRAÇA!!!!!
O conteudo ....vou ver a seguir...
Adorei o titulo, está francamente bem pensado...achei demais mesmo!!!!
Não sei se está à tua altura (como dizes....), ou não, mas está à altura de alguém que consegue surpreender-me com originalidade, adequabilidade e o mais importante.......... de GRAÇA!!!!!
O conteudo ....vou ver a seguir...
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
O começo...
Esta mensagem marca o início do meu blog. Para começar nada melhor que falar do início da minha aventura como professor. Esta minha propensão para a "arte" de ensinar começou no antigo 2º ano, com o meu querido colega e amigo Zé Fernando.
O "amor" que me prende à minha actual escola, E.B. 2,3 de Vila Verde, deve-se, também, às vivências de quatro anos de estudante, no já distante ano de 1981, com a inauguração do edifício.
Deixo aqui o texto que elaborei para uma pequena publicação da comemoração dos 25 anos da "minha" escola e que apresenta a minha relação de afectos com este "edifício".
Há 25 anos, quando cheguei à Escola Preparatória de Vila Verde, entrei num “novo mundo”. Assim o defini, já que os diferentes espaços não eram improvisados, mas tinham, aparentemente, sido construídos para ensinar. A antiga escola, que no passado era uma prisão, que possuía salas exíguas, em que as janelas possuíam grades, com paredes em pedra, serviu, até esse momento, para ser escola.
De facto, a nova escola era enorme e bonita. Eu cheguei “carregado” de medos, de receios e de incertezas. Com esta escola nova chegariam novos professores!
Rapidamente, esses medos se dissiparam e ficaram as recordações desses 4 anos:
- as aulas fascinantes do Zé Fernando em que vivíamos a História, já que ele a carregava de emoção e dinamismo.
- o cavalinho de madeira que o Vieira me ajudou a construir, apesar de ter consciência das minhas limitações nessa arte, nunca deixando que eu perdesse o entusiasmo e a dedicação.
- as partidas de futebol por detrás do bloco de aulas, que eram acompanhadas das “perseguições” do Sr. Peixoto e do Sr. Abílio.
- um remate fantástico do “Gusto” Gama ,na altura com 12 anos, em que a bola embateu no poste e a baliza recuou.
- os testes de História do 8º ano (os meus colegas de turma devem entender o que digo!)
- e a fantástica turma do 9º ano, com todo o seu companheirismo, amizade, sempre pronta a ajudar… Verdadeiras aventuras!
Passados 11 anos, regressei na qualidade de professor…. Era a mesma escola!
Regressei e, assumo, transportava comigo um nervoso miudinho, próprio de um jovem professor. Confesso que fiz uma viagem no tempo. Mais parecia o miúdo de 11 anos, carregado de dúvidas, com novas incertezas e com o coração a bater, cá para mim, ainda mais forte que no passado.
Toda esta sensação foi logo minimizada pela recepção calorosa da M. Anjos com um “olha, o nosso gracinha”, na entrada do polivalente, e com a simpatia do Francisco Bezerra, no Conselho Directivo da altura.
Não quero falar, somente, de bonitas histórias que esta escola me deu. Quero, também, deixar uma palavra para aqueles que não viveram tudo o que tinham para viver. Não posso deixar de o fazer, porque com eles aprendi, fossem eles professores ou alunos. Não posso deixar de recordar o jeito meigo e doce da Helena Barros, a persistência do Arantes no jornal escolar, duas ou três conversas de Verão com o Jorge, para ver as nossas pequenas obras, a paz e serenidade do Chico do 9ºB e o seu sorriso aberto, com uma pequena frase, do Tito, quando intervim na resolução de um pequeno conflito.
Devem pensar que são apenas histórias e recordações! Sim! E como elas me enchem o coração! Mas confesso que todas estas vivências deram um forte contributo para a minha construção!
Estas recordações mostram a importância que esta escola teve para mim, ao nível académico, porque foi nela que comecei a nutrir esta vontade de ser professor, ao nível pessoal, pelos amigos que tenho feito e pelas aprendizagens, que tenho retirado na minha formação como pessoa.
No fundo, este edifício, simboliza para mim, e para muitos dos que por aqui passaram, um conjunto de pequenas, grandes histórias, contribuindo, fortemente, com uma panóplia de “peças”, para a construção do puzzle, que é a vida de cada um de nós.
Para aqueles que trabalham ou trabalharam, que estudam ou estudaram, que sintam, sempre, este edifício como a sua escola. E que nunca esqueçam e não se coíbam de dizer para o lado…. ESTA É A MINHA ESCOLA!
O "amor" que me prende à minha actual escola, E.B. 2,3 de Vila Verde, deve-se, também, às vivências de quatro anos de estudante, no já distante ano de 1981, com a inauguração do edifício.
Deixo aqui o texto que elaborei para uma pequena publicação da comemoração dos 25 anos da "minha" escola e que apresenta a minha relação de afectos com este "edifício".
Há 25 anos, quando cheguei à Escola Preparatória de Vila Verde, entrei num “novo mundo”. Assim o defini, já que os diferentes espaços não eram improvisados, mas tinham, aparentemente, sido construídos para ensinar. A antiga escola, que no passado era uma prisão, que possuía salas exíguas, em que as janelas possuíam grades, com paredes em pedra, serviu, até esse momento, para ser escola.
De facto, a nova escola era enorme e bonita. Eu cheguei “carregado” de medos, de receios e de incertezas. Com esta escola nova chegariam novos professores!
Rapidamente, esses medos se dissiparam e ficaram as recordações desses 4 anos:
- as aulas fascinantes do Zé Fernando em que vivíamos a História, já que ele a carregava de emoção e dinamismo.
- o cavalinho de madeira que o Vieira me ajudou a construir, apesar de ter consciência das minhas limitações nessa arte, nunca deixando que eu perdesse o entusiasmo e a dedicação.
- as partidas de futebol por detrás do bloco de aulas, que eram acompanhadas das “perseguições” do Sr. Peixoto e do Sr. Abílio.
- um remate fantástico do “Gusto” Gama ,na altura com 12 anos, em que a bola embateu no poste e a baliza recuou.
- os testes de História do 8º ano (os meus colegas de turma devem entender o que digo!)
- e a fantástica turma do 9º ano, com todo o seu companheirismo, amizade, sempre pronta a ajudar… Verdadeiras aventuras!
Passados 11 anos, regressei na qualidade de professor…. Era a mesma escola!
Regressei e, assumo, transportava comigo um nervoso miudinho, próprio de um jovem professor. Confesso que fiz uma viagem no tempo. Mais parecia o miúdo de 11 anos, carregado de dúvidas, com novas incertezas e com o coração a bater, cá para mim, ainda mais forte que no passado.
Toda esta sensação foi logo minimizada pela recepção calorosa da M. Anjos com um “olha, o nosso gracinha”, na entrada do polivalente, e com a simpatia do Francisco Bezerra, no Conselho Directivo da altura.
Não quero falar, somente, de bonitas histórias que esta escola me deu. Quero, também, deixar uma palavra para aqueles que não viveram tudo o que tinham para viver. Não posso deixar de o fazer, porque com eles aprendi, fossem eles professores ou alunos. Não posso deixar de recordar o jeito meigo e doce da Helena Barros, a persistência do Arantes no jornal escolar, duas ou três conversas de Verão com o Jorge, para ver as nossas pequenas obras, a paz e serenidade do Chico do 9ºB e o seu sorriso aberto, com uma pequena frase, do Tito, quando intervim na resolução de um pequeno conflito.
Devem pensar que são apenas histórias e recordações! Sim! E como elas me enchem o coração! Mas confesso que todas estas vivências deram um forte contributo para a minha construção!
Estas recordações mostram a importância que esta escola teve para mim, ao nível académico, porque foi nela que comecei a nutrir esta vontade de ser professor, ao nível pessoal, pelos amigos que tenho feito e pelas aprendizagens, que tenho retirado na minha formação como pessoa.
No fundo, este edifício, simboliza para mim, e para muitos dos que por aqui passaram, um conjunto de pequenas, grandes histórias, contribuindo, fortemente, com uma panóplia de “peças”, para a construção do puzzle, que é a vida de cada um de nós.
Para aqueles que trabalham ou trabalharam, que estudam ou estudaram, que sintam, sempre, este edifício como a sua escola. E que nunca esqueçam e não se coíbam de dizer para o lado…. ESTA É A MINHA ESCOLA!
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